domingo, 31 de maio de 2009

Piada Nova, Piada Velha

Tem chato que quando aprende uma piada nova precisa contar pra todo mundo. Todo mundo mesmo. Um dia eu estava num café no shopping aqui perto de casa e na mesa do lado tinha um senhor (lá pelos seus 70 anos, possivelmente) que passou a tarde a ligar para toda a sua agenda de telefones do celular para contar a mesma piada a seus amigos (imagino que todos fossem contemporâneos). A primeira vez que ouvi a piada, até que achei divertida (Sabe qual é a diversão de velho? É ir ao “Parkinson” de diversões!). Tá, não é tão boa assim. Mas imagina ouvir isso umas 8 ou 9 vezes seguidas? E o pior era a cara de decepção dele ao perguntar “Ah, você já conhecia essa, é?” pro interlocutor do lado de lá do celular. E quando alguém resolve te contar a piada que você tinha enviado pra ele pelo e-mail? O que diz a etiqueta numa hora dessas? Qual é o protocolo pra uma situação dessas? Será que a Glorinha Kallil já identificou como a gente tem que comportar quando ouve piada velha? É pra dizer que já conhece ou não? E se eu já conheço a piada e no final vou confessar que conheço, por que diabos vou deixar o cara contar até o fim? Se eu deixar ele contar, é pra antecipar o final? Se não antecipar, posso fingir que estou rindo ou isso é uma gafe? Isso é crucial, porque não dá pra disfarçar que você está fingido. Aí se ele te pergunta porque você não riu de verdade, o que você vai dizer? Vai mentir? Aliás, isso me lembra um episódio que um amigo passou na casa da namorada nova. A sogrinha fez um jantarzinho especial pra ele, cujo sabor até hoje desafia a ciência. Então veio a fatídica pergunta: “Gostou?” Não dá pra ser sincero numa hora dessas. E nem dá pra mentir também, pois você não vai querer iniciar uma promissora relação pessoal com base em uma mentira. Como você faz, então? Responda: “Olha, nunca comi nada igual!”. Você está dizendo que está intragável, mas ela está aceitando como um grande elogio.

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