domingo, 31 de maio de 2009

Metáforas

Me explica aí, por que a gente tem mania de falar usando metáforas? Acho que deve ser impossível hoje em dia acontecer uma conversa sem metáforas. Se alguém fizer isso, vai se sentir um peixe fora d’água, achando que se meteu em uma canoa furada, pois sua conversa vai ficar sem pé nem cabeça. Nesse sentido, você tem que dançar conforme a música, pra não derrapar na curva. No fim das contas você vai perceber que isso não é o fim da picada. É claro que não dá pra fazer omelete sem quebrar alguns ovos, mas isso também não é nenhum bicho de sete cabeças. Mesmo assim, não aposte todas as suas fichas nisso, pois a solução pode ser igual cabeça de bacalhau, e aí você vai ficar procurando agulha num palheiro, e correndo o risco de ficar a ver navios. Por outro lado, não deixe que isso faça você se sentir assim, meio barro, meio tijolo, não valendo um tostão furado. Se você nadou, nadou e morreu na praia tentando conversar sem usar metáforas, ou seja, chegou ao fundo do poço mesmo, e caiu numa sinuca de bico, fuja dessa arapuca, levante a poeira, dê a volta por cima e siga sua vida em velocidade de cruzeiro. Assim, da mesma maneira que macaco gosta de banana, você descobrirá o que está do outro lado do arco-íris. Mas no fundo, acho que você está careca de saber disso, portanto, quem sou eu para ensinar padre a rezar missa?

Piada Nova, Piada Velha

Tem chato que quando aprende uma piada nova precisa contar pra todo mundo. Todo mundo mesmo. Um dia eu estava num café no shopping aqui perto de casa e na mesa do lado tinha um senhor (lá pelos seus 70 anos, possivelmente) que passou a tarde a ligar para toda a sua agenda de telefones do celular para contar a mesma piada a seus amigos (imagino que todos fossem contemporâneos). A primeira vez que ouvi a piada, até que achei divertida (Sabe qual é a diversão de velho? É ir ao “Parkinson” de diversões!). Tá, não é tão boa assim. Mas imagina ouvir isso umas 8 ou 9 vezes seguidas? E o pior era a cara de decepção dele ao perguntar “Ah, você já conhecia essa, é?” pro interlocutor do lado de lá do celular. E quando alguém resolve te contar a piada que você tinha enviado pra ele pelo e-mail? O que diz a etiqueta numa hora dessas? Qual é o protocolo pra uma situação dessas? Será que a Glorinha Kallil já identificou como a gente tem que comportar quando ouve piada velha? É pra dizer que já conhece ou não? E se eu já conheço a piada e no final vou confessar que conheço, por que diabos vou deixar o cara contar até o fim? Se eu deixar ele contar, é pra antecipar o final? Se não antecipar, posso fingir que estou rindo ou isso é uma gafe? Isso é crucial, porque não dá pra disfarçar que você está fingido. Aí se ele te pergunta porque você não riu de verdade, o que você vai dizer? Vai mentir? Aliás, isso me lembra um episódio que um amigo passou na casa da namorada nova. A sogrinha fez um jantarzinho especial pra ele, cujo sabor até hoje desafia a ciência. Então veio a fatídica pergunta: “Gostou?” Não dá pra ser sincero numa hora dessas. E nem dá pra mentir também, pois você não vai querer iniciar uma promissora relação pessoal com base em uma mentira. Como você faz, então? Responda: “Olha, nunca comi nada igual!”. Você está dizendo que está intragável, mas ela está aceitando como um grande elogio.

E-mail

É raro hoje em dia alguém não ter e-mail. Mas escolher o e-mail certo é uma arte. Idealmente, ele deve identificar você. Só que tem pessoas que exageram na dose ou simplesmente, ignoram essa dica. Dá pra saber de quem é um e-mail proveniente de 123mkg@...? Já imaginou chegar num congresso científico e copiar o e-mail apresentado no banner de um tema livre sendo guerreira.rainha@...? E se for o seu médico cardiologista com o e-mail timefla@...? Uma conhecida fez algo parecido com opaperaímeu@...! O mais indicado é colocar seu nome. Claro que quem se chama José Souza Silva não tem mais opções de criar seu e-mail pelo nome. Mas pior é quem ainda pode, mas não aproveita. E que tal este: rogeriofsantanadiasjr@...? Embora longo, parece apropriado por ter o nome quase todo do indivíduo. Eu disse quase. Notaram o “f” depois de rogerio? Pois é, todo mundo conhece esse cara como “Figueiredo”. É o único nome que não aparece. Depois eu não respondo os e-mails, fica reclamando...

Pergunta Difícil

Anos atrás elaborei uma questão de prova cujo enunciado pedia para utilizar determinados termos. Uma das respostas dizia: “a contração muscular começa com uma substância que vem lá da placa motora (tá, mas qual substância?), e quanto aos túbulos T (um dos termos a se usar) não tenho e menor ideia do que falar sobre eles, mas lembre-se de estar sendo citado.”. Um conhecido meu costuma dizer que aluno não tem que escrever a resposta certa. Tem que escrever o que ele acha que o professor deve querer que ele escreva. Mas tem professor que ajuda, né? Aí, o aluno responde o que quiser, e o professor não pode considerar errado. Saca só minhas simulações baseadas em perguntas reais...
1. Qual a sua opinião sobre as influências da revolução industrial no mundo globalizado?
Resp.: Acho esse assunto um saco.

2. O que você entende por reforma agrária?
Resp.: Nada.

3. Qual a diferença entre as teorias de Piaget e Vigotsky?
Resp.: A primeira foi criada por Piaget e a segunda por Vigotsky.

4. Comente a seguinte afirmação: a reciclagem do lixo pode contribuir para o aumento do PIB nacional.
Resp.: Puxa, é mesmo, é? Legal!

5. Faça uma síntese da atual crise econômica mundial.
Resp.: Bom, uns caras foram comprar umas casas, mas não tinham dinheiro, aí um monte de gente perdeu emprego.

Mas pra mim a melhor de todas é...

6. Faça uma reflexão sobre as repercussões da teoria da evolução de Darwin e a religiosidade.
Resp.: _________________________ (Ué, tô refletindo! Ninguém falou que precisava escrever...)

Estacionamento

Eu não sei se ocorre em outras cidades, mas aqui em Aracaju, os estacionamentos de shoppings e supermercados obrigatoriamente tem vagas específicas para idosos. No mercado Extra, as vagas são marcadas no chão com letras tão grandes que me parecem ser para idosos míopes. Agora me diz aí, se é idoso e míope, é melhor não dirigir, né?

Atendente Virtual

Desde a criação do call center (uma espécie de praga bíblica globalizada), todo mundo alguma vez deve ter ligado para alguma prestadora de serviços para resolver problemas. Só que nem sempre você é atendido por um operador de telemarketing. Ainda não me decidi se isso é bom ou mau. Além do gerundismo, acho que os nomes dos operadores são também inventados na hora. Já que você não está vendo quem está lá, o cara pode te dar o nome que ele desejar. Essa é a hora em que as “Jaciendiras” convenientemente se transformam em Ana Lúcia, Roberta, Rafaela, etc. Por outro lado, estas empresas, sempre preocupadas com a inclusão social, e o ser politicamente correto, oferecem aos seus clientes uma atendente virtual surda! Ela nunca entende o que você diz de primeira. Aí você tem que gritar pro raio da maquininha entender você. Outro dia, precisei ligar para uma dessas operadoras e me surpreendi com a solicitação da atendente virtual: “digite o número do telefone fixo, dígito por dígito...”. E dá pra digitar tudo de uma vez, é?

Tamanho da Pizza

Eu adoro pizza, mas fico pensando por que motivo não existe uma padronização de sabores e tamanhos. Dia desses fui a uma pizzaria que tinha sete tamanhos de pizza. Pra que tudo isso? E sabe qual é a diferença entre os tamanhos? O número de pedaços! Por que garçom tem mania de indicar tamanho da pizza pelo número de pedaços? Eu sei lá o tamanho do pedaço que aquele cara corta cada fatia! Ou vai me dizer que não dá pra cortar qualquer pizza em 4, 8, ou 12 pedaços? Às vezes falam que a pizza é “do tamanho de um prato normal”. Qual é o conceito e a definição de um “prato normal”? Aliás, como deve ser um prato “anormal”? Os sabores também não são padronizados. Pizza portuguesa então, nem fala. Deve ter mais de 20 combinações. Devia chamar de “pizza de entulho” ou coisa parecida. O que sobrou na cozinha, bota na pizza. E o raio do “cone pizza”, que mais parece um sorvete de casquinha sabor mussarela? Devem ter pensado assim: “como será a forma mais desconfortável e sem jeito de se comer pizza?” Aí criaram o cone. Acho que a única coisa padronizada nas pizzarias é o tempo de entrega da pizza em casa. Não importa onde seja a pizzaria e nem onde você esteja, o atendente sempre diz que levará 30 min. E leva...